Segue abaixo algumas dicas de brincadeiras e atividades para fazer com o bebê em diferentes fases:
Por Joyce Lollar
Quem já não teve aquela sensação estranha de que não tem a menor ideia
do que fazer com o bebê uma vez que ele esteja bem alimentado, limpinho e
descansado! Tudo bem, o básico de manter um recém-nascido vivo até que
foi aprendido, mas o que fazer agora com aquele serzinho que fica com o
olhar meio perdido e não demonstra ainda nenhum interesse em nossos
esforços de cantar ou balançar brinquedos? E que, só para quebrar a
monotonia, de vez em quando solta um
choro bem sentido?
É certo que bebês pequenos interagem pouco, mas isso não quer dizer que
brincar com eles não seja importante. Desde o primeiro dia em casa, seu
filho vai estar ligado em tudo que acontece a seu redor, mesmo que não
pareça. Conexões estão sendo feitas
no cérebro dele e informações, decodificadas e categorizadas o tempo todo.
As brincadeiras servem para encaixar tudo isso como se fosse um
quebra-cabeça e serão fundamentais para o desenvolvimento social,
emocional, físico e cognitivo do seu filho à medida que ele crescer.
As interações têm também a vantagem de aproximar pais e filhos e de
tornar os momentos que passam juntos mais prazerosos. Vale lembrar
ainda: quanto mais ele ri, menos chora!
Outra coisa importante para ter em mente é que repetição é a chave do
sucesso. Muitas brincadeiras não surtirão efeito algum da primeira vez
que você tentar, porém, se insistir, o bebê vai acabar dando risada só
de perceber que você pegou um determinado brinquedo.
O nível de atenção varia bastante, dependendo da idade da criança, do
temperamento e até do humor do momento. Às vezes ele vai ficar envolvido
em uma atividade por até 20 minutos, mas o mais comum é que a
brincadeira precise mudar a cada cinco minutos, mais ou menos.
Você perceberá que ele está entretido se ficar virado para você,
sorrindo, gargalhando ou dando aqueles gritinhos de alegria. Quando
começar a se virar para o outro lado, chorar ou mostrar sinais de
impaciência, é hora de algo novo.
Alguns bebês ficam excitados além da conta com mais facilidade, por isso
se o seu começar a chorar durante a brincadeira, não se decepcione.
Pense em atividades mais tranquilas, como contar histórias, ouvir música
ou até um intervalinho para uma mamada ou uma volta de carrinho.
Saiba ainda que nem toda criança vai gostar de uma brincadeira só porque
é apropriada para a sua idade. Não deixe que esse tipo de coisa suscite
aqueles pensamentos "Nossa, meu filho não está tentando pegar o
bloquinho como deveria, então deve ter algo errado com ele!".
Provavelmente não há.
É muito comum que uma criança demore mais que as outras para alcançar um determinado
marco de desenvolvimento
e seja mais rápida em outro. Dito isso, é claro que, se você realmente
suspeitar de algum atraso, confie nos seus instintos e não deixe de
mencionar para o pediatra na próxima consulta.
Recém-nascido a 3 meses
Para muitos pais e mães de primeira viagem, um recém-nascido pode até
parecer nada mais que uma máquina de fazer cocô e de chorar. No máximo,
uma criaturinha que passa a maior parte do tempo deitada inerte. Então
não tem jeito mesmo de se conectar a esse ser e até se divertir com ele?
Tem sim. A melhor estratégia para isso é aguçar os sentidos do seu filho: através do toque, da
visão
(lembrando que ele ainda não enxerga muito bem), do olfato e da
audição. O paladar fica para um pouco mais tarde, quando a variedade de
sabores entrar na vida dele.
Observação: Seja paciente e contenha suas expectativas, porque poderá levar um tempinho para o bebê responder a seus estímulos,
se
responder. O máximo que você pode fazer é continuar tentando ou esperar
para que ele esteja um pouco mais acordado para querer brincar.
Dois pra lá, dois pra cá
Naquele finalzinho de tarde melancólico, em que ele invariavelmente abre
o berreiro, sempre na mesma hora, como se fosse relógio, experimente
colocar uma música bem gostosa (só não exagere nas batidas e no volume),
segurá-lo nos seus braços e dançar juntinho pela casa.
Vá com calma e comece com movimentos mais suaves, não se esquecendo de
apoiar o pescoço do neném e de não sacudi-lo. Quando seus braços
cansarem, deite o bebê de modo que possa acompanhar você e mantenha os
passos.
Movimentos exagerados e engraçados, como rebolar ou balançar braços para
cima e para baixo, são especialmente cativantes para crianças pequenas.
Olha que legal!
A maior parte das brincadeiras desta fase consiste em mostrar coisas
para o seu filho. Vale qualquer objeto da casa que não corte, queime ou
possa ser engolido. Bebês adoram colheres, espátulas, tampas, embalagens
de margarina ou xampu vazias e lavadas, almofadas aveludadas, caixinhas
de presente e paninhos.
Tenha uma "caixa secreta" de itens interessantes por perto para, de
repente, tirar alguma surpresa de lá como se fosse mágica. Segure o
objeto a cerca de 30 centímetros de distância do bebê e encare-o com
encantamento para mostrar como isso funciona para seu filho. "Nossa,
olha que incrível como essa caixa abre e fecha!".
No que diz respeito a livros, não espere que uma criança tão pequena
realmente entenda do que se tratam. Mas o ritmo da sua voz e a sua
companhia, além de estímulos visuais, costumam ser apreciados pelos
pequenininhos. Você vai saber se ele está gostando da atividade se ficar
atento e quietinho enquanto você vira páginas e aponta para formas e
ilustrações coloridas.
Os bebês não costumam prestar atenção por muito tempo e quando ficam um pouco mais velhos começam a
pegar os livros
da sua mão e fechá-los. Não estranhe, porque isso faz parte do
desenvolvimento. O que conta para eles é a interação com você, não a
história em si.
O que é isso em cima da minha cabeça?
Você logo vai perceber como dá para se divertir achando tesouros na sua
própria casa, sem ter que sair por aí gastando dinheiro. Veja a seguir
três ideias para começar:
• amarre ou cole fitas ou tecido em uma colher de pau e suavemente passe por cima e na frente do rosto do bebê.
• pegue um lenço mais sedoso e balance-o pelo ar, deixando-o pousar na cabeça do bebê.
• enrole um brinquedo pequeno em um daqueles elásticos mais molinhos e
lance-o para baixo e de volta às suas mãos, como se fosse ioiô, falando
"Boing! Boing!" toda vez que descer.
Observação:
Nunca deixe uma criança sozinha com fitas e laços, porque eles podem facilmente ficar enrolados no pescoço ou ser colocados na boca.
Solte a voz
A sua voz é um susto? Não tem o menor problema, porque seu filho não
sabe disso e tudo que sai da sua boca é música para os ouvidos dele.
Caso ainda não tenha feito isso, é hora de reaprender alguns clássicos
do repertório infantil, como "Boi, boi, boi, boi da cara preta…",
"Ciranda, cirandinha…", "Como pode um peixe vivo viver fora…", "A canoa
virou…" e "A dona aranha subiu pela parede…". Se não conseguir se
lembrar das letras, faça uma busca na Internet.
Procure fazer vozes diferentes, mudar o tom, cantar mais baixinho e, de
repente, mais alto, incluir o nome do bebê na música. Acrescente objetos
ao número musical, como um fantoche ou até uma meia colocada em cima da
sua mão fechada.
Pode ser que a princípio tudo pareça meio bobo, mas, à medida que você
perceber o quanto seu filho gosta de ouvir você cantar, isso passa. A
verdade é: acostume-se a cantar, porque a música tende a ser parte
essencial da infância e do aprendizado das crianças.
4 a 6 meses
Nesta idade, o bebê começa a ficar bem mais ativo, ao aprender a
virar de um lado para o outro e a se
sentar.
Outra novidade é a habilidade de segurar, manipular e levar objetos à
boca, algo que o ocupará por horas a fio e exigirá atenção redobrada da
sua parte.
As crianças passam também a responder melhor às tentativas de
entretê-las, soltando gritinhos de alegria e olhando os pais nos olhos.
Bolinhas de sabão
Elas são simplesmente irresistíveis, e agora a visão do seu filho já o
permite acompanhá-las a uma maior distância. No meio de uma crise de
choro, procure uma área externa e comece a assoprar as bolinhas só para
ver o que acontece: as lágrimas param na hora. E se puder ir a um local
onde crianças maiores estejam brincando, melhor ainda. Elas virão
correndo para olhar as bolhas também e acabarão entretendo o bebê só com
sua presença. Outra vantagem é que esse é um brinquedo fácil de
transportar e barato.
Vou te pegar!
Não há criança no mundo que resista à ameaça de um monte de beijos,
abraços e cócegas. É só dizer: "Júlia: estou vendo você sentadinha aí...
Acho que vou aí te pegar e te encher de beijinhos. Vou te pegar! Vou te
pegar! Te peguei!". Faça então o prometido e veja só que gargalhadas
gostosas vai receber.
Você pode também ameaçar de "comer" pés, mãos e barriga, outro sucesso
garantido. Quando seu filho for mais velho, modifique um pouco a
brincadeira, acrescentando uma corrida de pega-pega pela casa (aliás,
essa brincadeira é uma maravilha de fazer quando você está atrasada e
ele "emperra" que não quer sair de jeito nenhum -- é só começar com um
"Cuidado que eu vou te pegar…" em direção à porta).
Dedo mindinho, seu vizinho…
Pegue delicadamente cada dedinho do seu filho e vá dizendo o famoso
"dedo mindinho, seu vizinho, pai de todos, fura-bolos e mata piolhos",
terminando com seus dedos da mão escorregando para a barriga dele, em
uma coceguinha gostosa.
Há também a versão para os dedos dos pés, começando pelo dedão: "Este
porquinho foi ao mercado; este porquinho ficou em casa; este porquinho
comeu carne assada; para este porquinho, não sobrou nada. E este
porquinho aqui veio gritando ... (e aí é a hora de subir com seus dedos
até a barriga, para fazer cócegas) até chegar em casa".
Esse tipo de brincadeira é muito útil na hora de colocar meias e sapatos
ou de distrair a criança para trocar a fralda sem muito vira-vira.
De barriga para baixo
É bem possível que seu pediatra já esteja aconselhando a colocar o bebê
de bruços no chão (em cima de uma toalha mais felpuda ou um edredom),
mesmo se ele reclamar um pouco, já que a posição é mais cansativa.
Ajude-o a se divertir com isso deitando-se também no chão de barriga
para baixo e fazendo um olho-no-olho. Depois, vire-o devagarzinho de um
lado para o outro fazendo algum som engraçado (pode até ser um simples
"Opa" a cada virada) para incrementar a atividade.
Bebê voador
Agora que a
cabeça está mais firme,
já dá para brincar de aviãozinho ou de foguete, fazendo o bebê "voar"
na horizontal, deitado e bem apoiado entre seus braços (papais costumam
ser craques nessa brincadeira). Uma variação é brincar de elevador: você
segura o bebê no colo e sobe e desce em direção ao chão com ele,
contando os andares ao mesmo tempo (a menos que esteja em excelente
forma física, você não precisa se agachar até o chão!).
7 a 9 meses
Seu filho já é quase um especialista em se sentar e logo logo estará
engatinhando
por aí. Encha-o de elogios a cada conquista, mesmo após os inevitáveis
tombos. "Lucas, olha só como você consegue sentar bonito!". Bebês adoram
palmas como parte do elogio.
Outra coisa que faz cada vez melhor é passar objetos de uma mão para a
outra e segurá-los. Além do mais, ele começa a entender que, se um
brinquedo não está à vista, isso não quer dizer que sumiu para toda a
eternidade. Aproveite para brincar bastante de esconder o rosto atrás
das mãos perguntando "Onde está a mamãe?" e depois abri-las dizendo
"Achou!".
Pega, segura e bate
Se ele tiver um só brinquedo na mão, vai tentar batê-lo na mesa sem
parar. Se tiver dois, vai tentar bater um no outro, segurá-los contra a
luz para ver o efeito, batê-los separadamente e depois junto na mesa,
transferi-los de uma mão para a outra, enfim, uma infinidade de
combinações.
Para ajudar, tenha sempre por perto itens que fazem sons interessantes,
como embalagens plásticas vazias, colheres de metal, sinos e chocalhos.
No controle
Bebês adoram observar situações de causa e efeito, como quando percebem
que, se apertam um botão, a luz se acende. É estimulante para eles, mas
pode dar muito trabalho para você ter que aguentar o tempo todo a
insistência de ser pego no colo mil vezes para acender e apagar luzes.
Para evitar conflito, tente oferecer um telefone de brinquedo a fim de
saciar a vontade dele de controlar as coisas. Outra alternativa é deixar
de propósito, em alguma gaveta ou armário mais baixo, itens seguros que
possam ser "encontrados" e manipulados sem risco. Não deixe de
verificar antes se não há mesmo nenhum pedaço de madeira ou outro
acabamento se soltando que possa machucar o bebê.
Corrida de obstáculos
Se o seu filho estiver engatinhando, se arrastando de bumbum ou até, se for apressado, dando os primeiros
passinhos,
incremente a experiência com muitos obstáculos no meio do caminho para
ele tirar da frente -- algo que é ótimo também para aprimorar as
habilidades motoras da criança. Valem almofadas, revistas velhas e até
pais cansados! Só não use animais domésticos, porque o bebê pode
machucá-los sem querer.
Rola a bola
Crianças pequenas são apaixonadas por bolas e pelo jeito como elas se
movimentam. Experimente só jogar uma bola bem grande para cima e
deixá-la cair no chão como se não tivesse conseguido pegá-la a tempo.
Outra forma divertida de brincar com bolas é escolher uma de plástico
molinho ou tecido e jogá-la na direção do bebê. Aos poucos, ele vai
aprender a pegá-la e jogar de volta para você. Por enquanto, nada de
chutes ou cestas.
10 a 12 meses
Seu bebê já não é mais aquela coisinha frágil de outros tempos e, a cada
dia que passa, aprende novidades mais depressa e precisa passar mais
tempo no chão, para explorar o mundo. Nesta fase, atividades que
estimulem o desenvolvimento motor, como ficar de pé, empurrar e tentar
subir, são importantíssimas.
Arruma e desarruma
Agora que a criança está descobrindo a conexão entre objetos do mundo,
ela vai gostar de empilhar bloquinhos, colocar cubos em uma determinada
ordem (que pode não fazer nenhum sentido para
você) ou encher e
esvaziar caixas com peças menores (fique sempre se olho para que não
sejam pequenas demais e possam ir parar na boca).
Dê a seu filho uma caixa de sapato fácil de abrir e mostre como dá para
colocar várias coisas lá dentro e tirar tudo depois. Em um dia mais
quente, procure uma sombra gostosa e leve potes pequenos de plástico
para ele encher e esvaziar com água.
Tudo por um brinquedo
Uma vez que seu filho já fique de pé, coloque-o em uma ponta do sofá e
na outra um brinquedo daqueles bem queridos, para que tenha que chegar
do outro lado para alcançá-lo. Talvez você tenha que mostrar como
funciona essa brincadeira, deixando algo seu lá e se arrastando de
joelhos para pegar. Aumente a distância quando perceber que ficou fácil
demais, mas não comece com um percurso muito difícil, porque isso pode
frustrá-lo, fazendo-o desistir.
Seu mestre mandou…
Faça um barulho estranho e olhe para o bebê para ver se ele imita você.
Pode ser que sim ou pode ser que resolva fazer seu próprio som
engraçado, e aí será a sua vez de imitar ou de criar de novo algo
diferente.
E não se limite só a sons. Faça caretas ou movimentos e veja só o que
acontece. Aproveite algum gesto inesperado do seu filho e o repita para
mostrar como você sabe fazer como ele, o que o deixará superfeliz.
Hora do banho
Nenhuma criança desta idade se contenta mais em simplesmente sentar na
banheira e ser lavada. Bebês mais velhos querem ficar de pé, jogar água
para todos os lados, pegar seu cabelo, amassar o sabonete ou o
recipiente de xampu.
O melhor jeito de não transformar a hora do banho em uma loucura para
você é ter muitos brinquedos para distrair seu filho na água. E isso não
quer dizer ter que sair para comprar. Com certeza na sua própria
cozinha há uma série de potes e embalagens plásticas que podem servir
perfeitamente para brincar, é só procurar e testar para ver o que dá
certo.
Depois do banho, lave e enxágue bem os "brinquedos" e deixe-os secando no escorredor de louça.
Atenção: Nunca deixe um bebê brincando sozinho, nem por um segundo, na banheira.
Joyce Lollar é mamãe da Violet e escreve um diário sobre sua filha no BabyCenter dos Estados Unidos, chamado Tending Violet (
http://babycenter.com/tending-violet).